quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Abra a janela


"Abra logo essa janela e deixe o vento de fora entrar. Esqueça o que dói e sinta o que acalma. Abrace forte quem você tem, não só quem você acha que ama. Escreva uma carta de amor e mande para o seu endereço. Veja só, finalmente uma boa notícia, você sempre terá você.
Já é tarde e as flores caíram, eu sei, mas todo mundo sabe que o outono também tem seu charme.
Não seja egoísta vai, deixe o mundo te conhecer. Bagunce o guarda-roupa, seja indecisa, vista suas peças prediletas. Assim como os seus sentimentos, elas nem precisam combinar ou fazer algum sentido. Isso é você.
Não viva a vida de ninguém além de você. É desperdício de tempo, e esse, não tem como comprar na farmácia da esquina. Perdoe alguém antes de pedir perdão. Tire a poeira da palavra amor todos os dias pela manhã, mas não esqueça de todo o resto. Guarde  suas inseguranças em uma pequena caixa. Use-a para acalçar seus sonhos.
Olhe para o céu com a certeza de que mesmo com sol, as estrelas sempre estarão lá. Acredite em mim, no mundo, alguém sempre vai estar esperando por você. Não com medidas exatas de uma outra metade, mas com um sorriso e um abraço forte para aqueles dias difíceis de estômago vazio e cabeça cheia." Bruna V.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Silêncio, ando obcecado por silêncio. Um silêncio que te permita ouvir o ruído do vento. E o bater do coração. (…) Deus existindo devagarinho em cada coisa.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nostalgia.


A Bailarina
Cecília Meireles

Esta menina tão pequenina
quer ser bailarina.

Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
Saudade é dor que não dói,
Doce aventura cruel,
É atalho que fecha em falso,
É veneno com gosto de mel.

domingo, 21 de agosto de 2011

Adivinha

Estou cansada de revirar nossa história em busca de momentos felizes. Olhar no espelho e me sentir a pessoa mais idiota do mundo não é algo que eu goste de fazer. Mas eu tenho feito tantas vezes. Tive aquele mesmo pesadelo de sempre. Fiquei ali, de olhos fechados sentindo o tempo passar. Esperando o sono voltar. Você chegar. Pra dizer que nada daquilo era verdade Quando a gente se fala pelo telefone você leva tudo na brincadeira. Ei, eu to falando sério. Você é o único que me conhece tanto, e sabe dos meus maiores medos. Que é dono dos meus pensamentos e lembranças. Implique comigo. Diga que eu to errada só pra me contrariar. Diga que me prefere sem maquiagem. Ocupe minhas noites vazias no computador. Reclame das minhas notas baixas. Faça tudo que eu nunca deixei você fazer. Volta logo, mas volta pra mim. O nosso monótono domingo. Adivinha? Eu ainda sou sua.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Toca A Vida

A gente finge que arruma o guarda-roupa, arruma o quarto, arruma a bagunça. Tira aquele tanto de coisa que não serve, porque ocupar espaço com coisas velhas não dá. As coisas novas querem entrar, tanta coisa bonita nas lojas por aí. Mas a gente nunca tira tudo. Sempre as esconde aqui, esconde ali, finge para si mesmo que ainda serve. A gente sabe. Que tá curta, pequeno, apertado. É que a gente queria tanto. Tanto.  Acredito que arrumar a bagunça da vida é como arrumar a bagunça do quarto. Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar e ver o que ainda serve, jogar fora algumas coisas, outras separar para doação. Isso pode servir melhor para outra pessoa. Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.

Pode Iludir


Pode iludir suas meninas com poucas palavras. Pode ser o melhor da vida delas e não querer nada sério. Faz elas acreditarem que você vai mudar, que você vai deixar de querer todas e nenhuma. Promete pra cada uma delas que vai beber menos e abraçar mais.
Mas vem me contar depois.
Deixa eu te explicar que elas sofrem por serem mulheres e que um dia você vai achar uma que não seja tão superficial. Deixa eu te jogar mil indiretas enquanto te aconselho sobre as outras. Enquanto isso, eu sou a que não é tão superficial, mas mora longe demais pra mudar sua vida. Enquanto isso eu te espero porque sei que você vai chegar.
Eu nunca pedi mais que isso, na verdade eu nunca pedi nada. Eu só me fiz presente e fiz falta pra deixar você existir melhor que qualquer um.
Não quero ser quem te trás mais um problema. Não quero ser quem te prende num dilema. Corre teu caminho e vá pra onde der. Eu fico de pé sozinha, esteja onde estiver. Quero te ver bem se não der mais certo, quero te ver bem mesmo sem poder estar por perto. Não quero ser quem te esconde a verdade. Não quero ser quem te rouba a liberdade. Segue teu destino e seja quem quiser.

"Coitada, foi usada por aquele cafajeste". Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.
Não costumo ir atrás desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.
Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.
Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.
Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas.
Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto.
E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.
Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.
Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.

Martha M.